Abraça-me a vida
em sua despedida dos anos
de largas braças à frente:
o término derradeiro
e de séculos esquecidos
a fundo perdido
sem ainda alguma sabedoria
vejo na via aquele que dialoga
com alma imaginária
solidão demente
de cotidiano sem teto/carinho
na acéfala urbe dos servomotores
indiferentes fazem de conta
que não veem o andrajo
para depois sorrirem superiores
entre dentes
na falsa crença
de comparação moral
com sua própria vida indigesta
pobres escravos das horas,
que sequer sabem dar o devido valor
ao tempo vendido, sem volta
vestidos de falsidades e falsos brilhos
programados em telas
assim caminha a humanidade
para sua própria cega extinção
com celeridade torpe
ao abandono do semelhante
de quem se aliena no detalhe
que grita a sua volta
louca cadência entre tolos
que na sua loucura alienante
ignoram a doença
que se espalha
seguem na mesma trilha
calçada, rua, concreto,
laje de pedra, sinal aberto
camelô, olhos vidrados
obsolescencia forçada
colchões sujos e barracas fétidas
como lixo sem dono embaixo do viaduto
todos fingem a inexistência
na própria existência muda
do que se passa a volta
enquanto uns acreditam dialogar
com o inexistente
na sua insana abstinência de químicos
outros fingem não ver
o que em volta existe da realidade
neste louco manicômio
feito de pedras imaginárias
e muitos tropeços
inesperados
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