quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Vida Louca





Abraça-me a vida 
em sua despedida dos anos 
de largas braças à frente:
o término derradeiro
e de séculos esquecidos 
a fundo perdido
sem ainda alguma sabedoria
vejo na via aquele que dialoga
com alma imaginária
solidão demente
de cotidiano sem teto/carinho 
na acéfala urbe dos servomotores
indiferentes fazem de conta
que não veem o andrajo 
para depois sorrirem superiores 
entre dentes
na falsa crença 
de comparação moral
com sua própria vida indigesta
pobres escravos das horas,
que sequer sabem dar o devido valor
ao tempo vendido, sem volta
vestidos de falsidades e falsos brilhos
programados em telas
assim caminha a humanidade
para sua própria cega extinção 
com celeridade torpe
ao abandono do semelhante
de quem se aliena no detalhe 
que grita a sua volta
louca cadência entre tolos
que na sua loucura alienante
ignoram a doença 
que se espalha
seguem na mesma trilha
calçada, rua, concreto,
laje de pedra, sinal aberto
camelô, olhos vidrados
obsolescencia forçada
colchões sujos e barracas fétidas
como lixo sem dono embaixo do viaduto
todos fingem a inexistência
na própria existência muda 
do que se passa a volta
enquanto uns acreditam dialogar
com o inexistente
na sua insana abstinência de químicos
outros fingem não ver
o que em volta existe da realidade
neste louco manicômio
feito de pedras imaginárias
e muitos tropeços
inesperados


Nenhum comentário:

Postar um comentário