Um louco santo profeta
perdido na mansa ilusão de seus devaneios
participa à multidão
estranha epifania
milenaristas de todos os tempos sempre evocam os pecados
da sinistra Babilonia terrena
Como sempre os poderosos erigem suas muralhas
e guarnecem seus fossos com bestas de guerra
Torres reluzentes emergem de Sodoma
das ferragens retorcidas pelos bombardeios cirúrgicos
Dos poderosos a morte faz sua dança macabra
sem consideração seus corpos jazem tesos
em ricos mausoléus como todos se vão
sem diferenças absolutas nesta curta vida
Tudo gira e transforma-se
como afirmou Heráclito
a água turva do rio nunca repete-se
em seu curso em direção à totalidade do oceano
Fluxo aparente e sem forma
a dança macabra
uma donzela segue desnuda
em direção à pedra do sacrifício
- Não há mais tempo...
Diz o santo servo:
- Não há mais tempo...