segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Fera Encurralada





Sem  inspiração 
o vácuo e a forma
preenche o grande oco
estival caverna, 
ruína de priscas eras
esconde nas suas profundezas
os mágicos desenhos dos Antigos

Iniciados descem por cordas
ao sepulcro da rocha
e registram com tição e cal
o passado de glória 
caçada eterna 
da tribo humana

O cheiro da pele recém curtida
cobre meu dorso
presa raivosa se camufla
nas sombras do labirinto
Ouço num crescendo
o som do ronco da fera
escondida
Sua indistinta forma 
ameaçadora
preenche a cave sinistra
com vela de sebo
minha tênue luz ilumina
a estreita passagem
borduna em riste
aguardo o iminente ataque
com certo enfado
sem medo
pensei ter prendido a fera
no meus mágicos riscos
ouço seus gritos e gemidos
aguardo o mortal combate
que me espera
em busca de rápido alivio
pensamento atroz ao fim
do túnel que me espreita:
Serei eu ou serei fera ?


   

Salvem as Baleias !








Servo cativo feito máquina

quando percebe sonhos

sente pânico 

vertigem indigente decomposta 

cresce o cerebelo 

em direção ao hipotálamo 

na minúscula entranha 

células ditadoras 

exigem sacrifícios de sangue 

tenso híbrido 

na linha de montagem 

partículas de DNA 

pequenos arcabouços 

se desfazem 

ligações quimicas 

neurais 

filas de elétrons 

sequencia lógica 

marcham em quântica 

ordem unida 

declamam os sábios: 

"É a tendencia da matéria bruta criar a vida" 




Centimetros cúbicos em bilhões de eras

do profundo espaço

planetóides em imenso impacto

trouxeram a massa líquida da vida

para a dura superfície da Terra



Somos portanto água revolta

caldo turvo

de poeira de estrelas

vida perene

viajante

que permeia a eternidade