quarta-feira, 18 de março de 2015

Turma do Julinho




Saia tarde do julinho
enquanto descia a noite aveludada
do horário invernal
O batido suéter amarelo
e o casaco marrom
mal sentia o frio que trespassava
suas velhas fibras
desgastadas pelos folguedos
Andar ligeiro para esquentar
subia a Laurindo até a Ramiro
e me perdia na sinaleira
com o movimento intenso
do trafego que regurgitava
fuscas em profusão
Parece ontem, mas já faz tanto tempo.

Quando dava o intervalo
que não se chamava mais recreio
a turma ia no Joe's do Centro Comercial
que tinha até escada rolante
comer um Xis
e paquerar as meninas do Idelfonso
que riam de tudo
e pediam para colocar uma ficha na Jukebox

Turma reunida
por algum descaramento qualquer
ia o "Capitão" chamar a atenção de todos
Na época bullyng era parte da educação
e quem podia mais chorava menos
era como viver no xadrez

Mas no cientifico as meninas invadiram
nosso templo masculino
e ficamos todos embevecidos
com seus longos cachos dourados ou negros
e um novo perfume inebriante percorria
as salas e corredores
antes infectos de chulé de bambas sujos

Do tempo do Gordon e Pingo Azul
até sequestro aconteceu
coisa boba de alienados que viam filmes
no Carlos Gomes
e acabaram todos presos pela justa
até de jogar futebol brincaram com a vitima

Todo mundo ficava sentado no bar
esperando chegar um baseado
de algum amigo afortunado
e depois iam fumar no planetário
para poder melhor estudar

Vinho barato com bolinhas,
a praça cheia de gente
e o Capitão de cabelos brancos
já não assustava mais ninguém

Reuniões infindáveis do Grêmio
baixas nos anos de chumbo
muito gás lacrimogênio
na época valia de tudo

Dos colegas da época
muitos podem ser nominados
não pretendo entretanto constrange-los
com esses pobres versos
pois hoje são próceres e distintos senhores
músicos, políticos, mendigos, embaixadores 
e alguns pilantras...

  

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