quinta-feira, 26 de maio de 2011

José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo.


Nem era negro, nem era branco
Era mais um Silva, imensa família
Que carrega no nome a origem
De Sertão e lida cativa e navio negreiro
Familia antiga que chegou na mata
No açoite, tangidos como bichos
Para riqueza de El Rey e seus acólitos
Que sempre mamaram do leite, o sangue da pátria
No mesmo dia os deputados
Com seus ternos de linho branco, ilibados e sem nódoa
Filhos de putanas ilustres, antigas cortesãs do reino
Decretavam o fim das matas com suas canetas Mont Blanc
Nem era branca, nem era negra
Maria do Espírito Santo
Como Santa guerreira, mulher brasileira
Carregava o mundo às costas e sorria
No mesmo dia homens ilustres, poderosos
Decretavam o fim da mata a morte de seus verdadeiros donos
Carregava suas trouxas o casal pela estrada
E os deputados mamavam o sangue da pátria
Enquanto José e Maria
Carregavam suas idéias perigosas
De conservação da mata que amavam
Perigosas idéias que matam seus donos
Enquanto impolutos servos deputanos escreviam seus nomes
Nas linhas da infâmia
Carregavam os jagunços suas armas
Preparavam a tocaia na mata
Amada mata de José e Maria
Devorou a selva seus donos
Mais um silva e mais uma Maria do Espírito Santo
Tão Santo que seu corpo jaz trucidado
Torturado e morto como o Cristo
Na cruz do castanhal que tanto adoravam
Jazem  seus  nomes logo esquecidos
Mais um José mais uma Maria
São tantos e esquecemos tão rápido seus nomes
Entre o champanhe sorvido a farta
Deputanos, filhos de putanas ilustres
Mamam o leite da pátria, nosso sangue.



Frutos Nacionais

2 comentários:

  1. Deputanos era como o escritor francês Régis Messac denominava os políticos em sua obra de ficção científica "Terra dos Asfixiados" onde o povo pagava pelo ar que respirava e quando não podia tinha seu suprimento cortado. A denominação não carece de explicação

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  2. Após esse atentado impune os Deputados Federais aprovaram um novo código florestal anistiando os desmatadores de suas multas emitidas pelo IBAMA. Como vemos todo o dia faltam nossos representantes pela falta de radicalismo e espírito revolucionário. São indulgentes e complacentes, são como os porcos da "Revolução dos Bichos" de Orwell, já não se distinguem de seus donos.

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