domingo, 21 de abril de 2019

1959





Sou aquele pregador que perdeu a fé
nos homens impolutos
monge que já não habita o mosteiro
Sou guerreiro fatalista
que afia o machado 
ante a derradeira batalha
contra a Legião invencível
Nem o perdão encontra abrigo
neste coração de pedra bruta
Sou chimpanzé dentro da jaula do circo
prescruto absorto o humano
que me observa do outro lado
Ainda conheço uns truques
dos tempos de picadeiro
Beber, fumar, comer
como gente 
aos comandos do mestre
até quando os anos permitam
Sou cavalo sem nome
perdido no meio do deserto
Sou ermitão que mira no horizonte
o ultimo raio de Sol
no pico adiante
que prenuncia a noite escura
Sou barqueiro
como Caronte
que no Estige
atravessa almas por moedas...




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