segunda-feira, 25 de julho de 2016

Olimpíada Rubra de Sangue




O cúmulo escárnio bate em falso
bala perdida, atirada a esmo 
na parede caiada 
onde cada porta se amontoa
em ruelas tortuosas 
vermelho canto espreme a gosma
enquanto o tirano sorri para a platéia
entre apupos e aplausos desconexos
no campo de marte
bandeiras flamam majestosas
pupilos correm pela quadra nua
sem destino certo
desnudos, as feridas expostas
carne dilacerada por tiros de metralhadora
ao longe a comunidade pára 
sitiada por tropas de seu próprio povo
fazem reféns mulheres e crianças
quase inocentes, quase livres, quase mortas
fogos, tiros de armas, sirenes, gritos de dor
escondem o ouro, a prata e o bronze
dardejam ósculos pútridos para as cameras
uma falsa calma esquarteja a vontade
grito calado na boca 
bebado arame cerca a avenida 
para não transbordar gente indevida
na festa dos nobres alvos
brancos ricos 
inexpugnáveis altas barricadas 
escondem a multidão pátria  
massa amanhada e desconforme 
que todo o dia clama pelo pão
e só recebe chumbo...


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