quarta-feira, 22 de junho de 2016

A Dança Macabra




Um louco santo profeta

perdido na mansa ilusão de seus devaneios

participa à multidão

estranha epifania

milenaristas de todos os tempos sempre evocam os pecados

da sinistra Babilonia terrena

Como sempre os poderosos erigem suas muralhas

e guarnecem seus fossos com bestas de guerra

Torres reluzentes emergem de Sodoma

das ferragens retorcidas pelos bombardeios cirúrgicos

Dos poderosos a morte faz sua dança macabra

sem consideração seus corpos jazem tesos

em ricos mausoléus como todos se vão

sem diferenças absolutas nesta curta vida

Tudo gira e transforma-se

como afirmou Heráclito

a água turva do rio nunca repete-se

em seu curso em direção à totalidade do oceano

Fluxo aparente e sem forma

a dança macabra

uma donzela segue desnuda

em direção à pedra do sacrifício

- Não há mais tempo...

Diz o santo servo:

- Não há mais tempo...


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