Com um tango de Piazzolla
sonando limpo
cristal partido vibrante
esvoaçando no ar
em câmera lenta
acordo do torpor matutino
levanto e abro os olhos
como despertar de recém nascido
que acaba de chegar
Choro contido
pois a vida chora todos os dias
embaixo na rua
e minhas mazelas
não são nada perante
os desafios do futuro
que assomam na porta
do mundo
testo minha compaixão
em cada pessoa que encontro
aborrecido pela pobreza de espírito
dos homens
Longa jornada empreendida
nos acordes desse louco bandoneon
Tango de Gardel
dançado junto
por una cabeza...por una cabeza...
é assim a Vida
caminho tortuoso de partidas
e retornos
idas e vindas
para lugar algum
E nossos pedaços ficam perdidos
jogados na estrada
pequenos cadáveres de lembranças
carne morta exposta
pessoas que já não somos
ladeira de abismo
sem retorno
que ao fim a vida
leva à morte
em velhas fotos preto e branco
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