quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Ilium Descarnada





A Cidadela Incendeia
Vetustos sacerdotes de negras togas
da Torre de Cristal semeiam e procriam
aos milhares
ratazanas besuntadas em óleo cru
e atiçam as tochas ardentes vivas
propagam ainda mais
o fogo no coração da urbe
Livre ave voa célere 
para longe das coisas dos homens
mas não há mais abrigo
em lugar algum
nem ilha ou oásis distante
não existem santuários
nem mesmo para os fantasmas
sem nome
com seus grilhões e torturas
que ainda vagam na casa dos mortos
suas lápides em branco
mesmo assim foram profanadas 
pelas ratazanas ardentes
para escárnio dos tolos
que dançam nus 
em meio a fogueira
Cego pelas chamas
surdo pelos gritos de morte
das bestas em seu estertor final
reconhece de antemão 
o túmulo vazio
sombra de um passado
que nunca desejou
Nem Caim, Gengis Khan, Hitler
ou mesmo algum César
sanguinolento
poderiam causar mais dano 
ao mundo
que a fome bestial
da própria morte triunfante
daquele suicida de ideias
que pretende sufocar a si mesmo
e se afoga nas letras 
da própria verdade cotidiana
em meio a praça ardente
encarcerado entre medíocres, ímpios
e sátrapas cruéis
com seus estranhos ritos
e falsos deuses
Nem Baal, Moloch
ou algum deus Azteca
brindou tanto sangue
de jovens imberbes, donzelas
e crianças 
no holocausto diário das periferias
Após o assalto 
as naus de negras velas
içam mais uma vez suas flamulas 
insufladas por éolo
e levam para outras paragens
estes templários das trevas
em busca de mais vitimas...

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