Sem inspiração
o vácuo e a forma
preenche o grande oco
estival caverna,
ruína de priscas eras
esconde nas suas profundezas
os mágicos desenhos dos Antigos
Iniciados descem por cordas
ao sepulcro da rocha
e registram com tição e cal
o passado de glória
caçada eterna
da tribo humana
O cheiro da pele recém curtida
cobre meu dorso
presa raivosa se camufla
nas sombras do labirinto
Ouço num crescendo
o som do ronco da fera
escondida
Sua indistinta forma
ameaçadora
preenche a cave sinistra
com vela de sebo
minha tênue luz ilumina
a estreita passagem
borduna em riste
aguardo o iminente ataque
com certo enfado
sem medo
pensei ter prendido a fera
no meus mágicos riscos
ouço seus gritos e gemidos
aguardo o mortal combate
que me espera
em busca de rápido alivio
pensamento atroz ao fim
do túnel que me espreita:
Serei eu ou serei fera ?
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