Não fosse da noite testemunha
a Lua Negra
Selene pálida quase sumida
Artemísia mirava sua imagem de narciso
no lago da intensa paixão reflexa
Não fosse agora, como seria ontem
um sonido, uma buzina insuspeita
ténue raio trespassava o lucivelo
que iluminava a mundana rua
Rosa Branca teria sido despercebida
Nesse mesmo instante
do centro inefável da galáxia,
de onde habita Panku
raios cósmicos peraltas
vieram aqui tecer suas brincadeiras
de partículas infantes
sem formas, nem vícios
varando a tela sutil da noite
atravessando mentes e corpos
ligando, separando, recriando, desunindo
harmônicas e constantes
incendiando paixões e líbidos
colocando em movimento
imensas energias celestes
sem culpa
sem culpa
Rosa Branca e Artemísia voluntariosa
trocam olhares, tramam artimanhas
jogos de cena, palavras roucas
confissões que só os espíritos do vinho concedem
palavras que só a madrugada consente
No banho nu da Lua Negra
inflama tórrida união
se entregam como podem
enroscadas no troca, troca
sem dó ou pudor
sem nada que não seja o tocar
Flor se despetala
caçadora que espreita
fisga a presa e flui
liquido susurro de prazer
inesgotável ardente lascívia
Folia de partículas peraltas
Folia de partículas peraltas
do centro inefável da galaxia
levianas andarilhas de estrelas
levianas andarilhas de estrelas
êxtase e paixão
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