sábado, 17 de setembro de 2022

Canção de despedida

 

Todo mundo tem um amor
menos eu
Todo mundo tem alguém
para amar
menos eu
Que não consigo te encontrar
em tua loucura
que agride em vez de querer
me amar
Que me ofende
para poder dominar
meu espírito
Teu louco amor
me leva a loucura
Tuas indiscrições
só me trazem decepções
de amor
que eu quisera em vc encontrar
neste teu coração
tão ferido
Sei que nesta vida não vamos mais
poder se amar
O destino só a algum deus pertence
Talvez noutra vida eu vá te encontrar
quando vc encontrar
por fim tua lucidez
Teu sorriso ainda mexe comigo
naquela foto que tiramos
quando juras de amor
ainda se podiam encontrar
Agora só a amargura da solidão
preenche meu olhar
Ao saber que o destino
nos tirou este amor
Que as fúrias escutem esta canção
e se apiedem de meu pobre coração
e eu ainda possa ver vc sorrir
como naquela foto
que tiramos entre juras de amor
em algum bar
Sigo agora sózinho meu caminho
a cicatriz das tuas agressões
ainda me doem no profundo da alma
tuas injúrias ainda repercutem
no vazio do meu lar
se alguém quiser me apedrejar
ofereço meu corpo neste altar
de amor que se fez desentendido
Sigo sozinho ainda pensando em vc
apesar das injúrias e mentiras
apesar da tua loucura
ainda sinto meu coração balançar
ao te ver sorrir naquela foto de lar
nossos corpos cruzados
e nossas emoções a vibrar
que deixamos na mesa de bar
do teu corpo a me encontrar
nada sobrou além do meu adeus...


Quem sabe que o amor é suprema loucura 
mas não quer viver do amor uma alucinação 
de amar 
a vida é transito intenso 
que nem um louco amor pode dar
no coração da paixão que morreu 
por aquele que deixou de amar 
por amor 
para nenhum coração machucar

domingo, 5 de junho de 2022

THE END




Éris tece novamente a teia

da Discórdia

A deusa que destruiu Troia

confronta mais uma vez

Oriente e Ocidente

em derradeiro conflito

duas faces de um mesmo mundo

nave/esfera 

que vagueia na Galáxia

em infinito Universo  

mísseis de sua superfície 

decolam para o espaço

como as orgulhosas naus

de Odisseu

que soçobram

das rochas lançadas

pelo ciclopes do Tempo

que se esvai como fina areia da praia

entre os gritos de dor dos comuns

que nenhum deus escuta ou pranteia

a hora final se aproxima

está na próxima esquina

na face destruída do homem sem lar

que mendiga a própria desesperança

da Terra finda e inumana

que rasteja para o abismo a cada dia

como velho filme preto&branco

de ficção cientifica

THE END

 

quarta-feira, 11 de maio de 2022

A Sombra na Biqueira






Não se sabe como morreu


se foi enfrentando a policia


ou pelo chefe do comando


em fatídica sentença


por causa de alguma vendeta


sua sombra ali ainda erra


naquela viela esgoto imundo


em agonia constante


junto com outras sombras


todos encostados no muro


para eles é sempre noite


lá nunca raia o dia


de todas as sensações


a pior dor é o frio incessante


que sente na alma perdida


como amputado membro


em alguma carnificina


na sombra que não se governa


em sofrimento constante


neste frio calabouço recorda


seus dias de vida e glória


os jovens e velhos clientes


com seus olhos esgazeados


suas bocas secas


de quem ele tirava tudo


até mesmo suas essências


as várias meninas curradas


em troca de alguns baratos


ainda escuta seus lancinantes gritos


que ecoam lá do Paraíso


como vingativas Eríneas


para aumentar mais ainda 


seu maldito tormento


em castigo dantesco 


e cada segundo que passa


conta como dez anos em vida


nesta eterna sentença


nem pode mais usar nada


mas quando tem um maluco


usando algo a cerca


sente aquela loucura


que só se pode dar pena


tenta alertar os outros


seus irmãos encarnados


de seu não futuro


berrar do tumulo sua culpa


mas ninguém o escuta


nem pastor algum salva


recitando alguma reza


ou advogado liberta


com infalível proclama


até o final dos tempos


no julgamento das almas...

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

Amores em tempos de pandemia


Quando a vida perde o sentido

a loucura extravasa a morte

o castelo de cartas voa

o raio destrói a Torre

Lobo assopra a casa de palha

do que era antes amor eterno


Era uma vez uma princesa

que tomou um porre

como quase todo o dia tomava

e deixou-se desabar na suja sarjeta

mascara rota / malcozida

caiu na vala

vociferando opróbrios

com os demônios que carregava

em seu ventre seco

Desabou como pedra

fera ferida

xingou o mundo

até mesmo seu mais intimo amante

quebrou a bengala 

da consciência e sabedoria

com seus impropérios sem sentido

e depois perdeu tudo que tinha

em apenas alguns minutos

de ira bêbada 

loucura etílica plena

perversa e sem sentido

sentimento suicida

de quem por dentro 

morre a cada instante

e despercebe a alma rota

 

domingo, 31 de outubro de 2021

O Dia da Bruxa

 


O DIA DA BRUXA

CEDO OU TARDE 

UM DIA CHEGA

COM JUROS 

CORREÇÃO MONETÁRIA

UM DIA QUEIMA 

NA GRANDE FOGUEIRA

A CIDADE INTEIRA

QUAL JENY DOS CANHÕES

APORTA A FRAGATA

A PLENAS VELAS

VAI ESTOURAR A GUERRA 

INTESTINA

HORROR QUE SE AVIZINHA

URBE ALGUMA VAI RESISTIR 

AO FUROR DESTA  CHAMA

HORDAS DE DESEMPREGADOS  

MASSAS DE DESASSISTIDOS

PELA FOME

POR FIM ESCLARECIDAS

ROMPERÃO OS GRILHÕES

COLOCARÃO SEUS PATRÕES

EM BOAS GUILHOTINAS....



quinta-feira, 21 de outubro de 2021

O ANTIATEU







Percebo num átimo

quando por segundos desperto

da hipnose coletiva

um lapso que se repete

reflexo do selvagem que

em mim ainda habita

coberto de falsos conceitos

vestido de sedas e roupas finas

olho para a eternidade

através dos tempos

e me questiono:

Por que ainda florescem

as árvores em Chernobil?

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Eremita




Sinto que a solidão me afaga

como bruxa solerte

que me aprisiona na pequena sala

onde agora habito

Lembro dos dias de glória

o amor das companheiras na alcova

as cândidas risadas

de meus amados filhos

seus passos trôpegos

suas correrias

pela casa assobradada

a sorte de perceber o exercitar 

de suas asas

na imaginação das brincadeiras infantis

Há anos sobrevivo aqui neste sepulcro aberto

como morto vivo

refém das lembranças

fingindo a empáfia do conhecimento

atenuando a solidão com meus livros

única paixão restante de um homem antigo

A vida é madrasta que ensina

com chibata cortante de sonhos perdidos

em alguma noite escura

quando cai a máscara definitiva

persona que se ajusta sob medida

para cada próxima cena

desta peça bufa

que denominamos existência

coisa que se arrasta

entre delírios e desilusões

filme preto e branco de sessão coruja

que se queima na exígua chama

do fogo fátuo que brilha

nas covas noturnas

por fim esclarece-se

desvela a verdadeira face

Desço mais uma vez ao vale das sombras

agora já não temo a escuridão

o final que se avizinha

vão sumindo todos os sentidos

vão morrendo os sentimentos

numa veloz volúpia

que deixa o vivente nesta tonteria/

vertigem das sensações

que por fim cessam

uma a uma

ao penetrar neste ignoto vazio

que absorve a alma

em direção ao nada

que se aprofunda infinito

no mergulho final da consciência

que desliga por fim suas funções

agradecida por não mais existir...